Imagem de capaCrédito: Alberto Ruy/ Ministério da Infraestrutura do Brasil

BID traz indicações para promover aportes na América Latina

Estudo com BID Invest e Marsh & McLennan Insights aborda panorama de aportes em infraestrutura e potencial futuro.

11 de julho de 2019Infraestrutura
Considerado crucial para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe, o investimento privado em infraestrutura se mostrou aquém do ideal nos últimos anos na região. Para se ter uma ideia, em  2015, o aporte efetivado localmente representou apenas 2,8% do PIB regional, muito abaixo dos 5,8% do leste da Ásia e Pacífico, informa um relatório produzido por Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), BID Invest e Marsh & McLennan Insights. Embora o panorama se mostre estável e as perspectivas de investimentos privados sejam favoráveis para 2019, o documento alerta que a concretização das expectativas depende da "ação decisiva praticada pelos novos governos e líderes da região".

"Após várias remodelações políticas, os novos regimes da região estão tomando medidas para abordar os seus problemas de corrupção, ter de volta a confiança e restaurar os processos promissores de projetos de infraestrutura para os investidores", pontua o relatório, que também ressalta medidas tomadas pelas nações visando fortalecer a transparência e a independência das instituições políticas e financeiras.

A análise, intitulada 'Bancabilidade pelas lentes da transparência', divulgada em junho, traz um panorama de Brasil, México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina – considerados os seis maiores mercados de investimento em infraestrutura na região no período após a investigação da Lava Jato, de 2016 até a atualidade. 

Entre os objetivos do estudo, estão avaliações de potenciais investimentos privados na região, dos mecanismos de transparência e de iniciativas realizadas pelos governos dos países analisados. 

Para suprir os gaps

De acordo com  a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas, a região precisaria investir aproximadamente 5,2% do PIB anualmente para suprir os gaps na infraestrutura. Contudo, depois de 2014, o report relembra que os níveis de investimento em infraestrutura de fontes privadas e públicas na América Latina diminuíram, o que pode ser "atribuído, em parte, à desaceleração econômica vivenciada na região, mas também pode ser atribuído a consequências referentes à corrupção."

Nesse contexto, no centro de investigações, o Brasil pode ser responsabilizado por parte desse declínio, visto que o País "consistia em 45% do investimento em infraestrutura da América Latina durante o período de 2008–2015, seguido por México, Colômbia, Argentina, Peru e Chile". Juntas, as nações representavam 87% do investimento durante os anos analisados. 

Para o restabelecimento do investimento em infraestrutura na região, portanto, será necessário "um compromisso quanto à abordagem de problemas surgidos com a corrupção e quanto à redução das incertezas associadas ao processo de investimento", instam os organismos autores do documento. 

Outro desafio a ser superado é a escassa participação de fundos de pensão no setor, um problema que poderia ser minimizado com a flexibilização de regulamentações e dos limites de aportes, permitindo que tais investidores "fizessem um hedge contra os riscos de inflação da região, bem como diversificando as suas carteiras e investindo em ativos de longo prazo para equiparar os seus passivos exigíveis a longo prazo".

"Os fundos de pensão locais podem disponibilizar uma fonte atrativa de financiamento para os investidores em infraestrutura, especialmente à medida que a volatilidade das moedas da região aumenta a necessidade de financiamento em moeda local para os projetos", continua o relatório.

Aumento do investimento chinês

Por outro lado, o documento ressalta o crescimento da participação chinesa na região. Em um capítulo à parte, o relatório aborda o potencial de alternativas internacionais para o capital chinês que têm sido cada vez mais encontradas na América Latina. 

Em 2017, a China foi a terceira maior fonte de investimento estrangeiro direto (IED) no mundo, e cerca de 7% desse montante foram direcionados para a região. Em 2018, a porcentagem chegou a 11,8%. "Decisivamente, a grande proporção de investimento chinês na América Latina foi direcionada para projetos de infraestrutura."

O estudo aponta que há potencial de aumentar esse volume, em decorrência do início da parceria entre o governo chinês e os países latino-americanos na Belt & Road Initiative.

Outro ponto abordado é o fato de que as mesmas investigações que reduziram o apetite por investimentos na região deram "um ímpeto adicional ao investimento chinês". "À medida que as empresas da região se retiram dos projetos em resposta às investigações de corrupção, abriu-se espaço para a entrada das empresas chinesas", pontua o relatório, exemplificando com casos de negociações e financiamentos ocorridos em Brasil e Peru.

Viabilizando o investimento privado

A parte final do documento traz uma série de considerações a investidores que tenham como objetivo atuar na região. Entre os pontos abordados, com análises detalhadas de cada um dos países, são elencados os obstáculos superados, medidas tomadas em direção a transparência e governança, e a melhoria do ambiente após as eleições, especialmente no Brasil – cuja votação ocorreu em 2018, com vitória de Jair Bolsonaro.

Temas específicos ao desenvolvimento do setor – como regulamentações para parcerias público-privadas (PPPs), estruturação e modelagem de projetos e os desafios econômicos também são abordados no texto, que traz ainda uma seleção de importantes soluções de financiamento e risco disponíveis para que os investidores privados assegurem a bancabilidade de projetos na região.

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