Brasil afora, crédito e tecnologia estão na pauta das incorporadoras
GRI Club promoveu rodadas de encontros entre líderes do setor em todo o país
24 de maio de 2023Mercado Imobiliário
Escrito por Henrique Cisman
Não importa o tamanho da incorporadora, em que região ou segmento imobiliário ela atua: existem preocupações unânimes no momento, e uma das principais é com a disponibilidade de crédito no sistema poupança (SBPE), tanto para financiar a produção quanto o cliente final, em uma conjuntura de aumento nos saques das cadernetas e compulsórios que desestimulam a manutenção do capital nesta modalidade de investimento.
O testemunho é do sócio da Brain Inteligência Estratégica, Guilherme Werner, que participou dos cinco fóruns regionais realizados pelo GRI Club no Brasil - nordeste, interior de São Paulo, centro-oeste, sul e Minas Gerais, nesta ordem. Com mais de 150 líderes de empresas do setor em todas as reuniões, os fóruns são um bom parâmetro para medir o humor dos investidores no cenário atual.
Além do crédito, existe uma ansiedade no mercado residencial pelo início da vigência de muitas das novidades anunciadas pelo governo Lula no âmbito do novo Minha Casa, Minha Vida, medidas que, para o mercado, podem ser catalisadoras do crescimento do setor.
Segundo Werner, o resultado de 2023 não deve ser comparado com aquilo que o mercado imobiliário entregou no último biênio, estimulado por taxas de juros em patamares baixos e por um excesso de liquidez no país. “Se as empresas quiserem comparar este ano com 2021-22, poderá haver frustração. Mas devemos ter o terceiro melhor ano da história do mercado imobiliário”.
Frente ao ano passado, nota-se uma queda importante nos lançamentos, em algumas regiões de forma mais expressiva, como interior de São Paulo, e em outras menos, como em Goiânia. “Isso naturalmente acarreta em retração nas vendas, pois o maior IVV (Índice de Velocidade de Vendas) quase sempre está no produto recém-lançado”, completa o sócio da Brain.
Entre prós e contras da atualidade, destaque para os baixos níveis de estoque - concentrados em produtos lançados no ano passado -, bem como uma intenção de compra estável, além da já mencionada reformulação no MCMV. Os principais desafios ao lado do crédito são a escassez de mão de obra qualificada e o alto patamar da Selic, que desestimula a produção imobiliária.
Em certa medida, os investidores regionais - justamente por não estarem nos grandes centros - precisam ser ainda mais criativos visando o futuro, o que os torna mais abertos a inovar e a pensar no modelo de negócio de forma diferente.
“No Brasil, já é comum as empresas do mercado imobiliário contratarem empresas com soluções de software, que é a tecnologia como um fornecedor de soluções para processos, mas essa ainda é uma visão limitada do potencial de transformação da tecnologia no setor. Pela ótica do venture capital, percebemos que o mercado começa a observar startups que vão além, que mudam a lógica do modelo de negócio”.
Anselmo cita como exemplo a InstaCasa, que oferece uma parceria com as incorporadoras para mostrar aos compradores de terrenos diversas opções de plantas digitais; e a Yuca, com um modelo de imóvel por assinatura, associando-se a incorporadoras para que elas acessem investidores ou mesmo acrescentem uma nova fonte de receita ao negócio - a renda via locação.
“O que percebo nos encontros do GRI Club é que as empresas do setor não só começam a se abrir à inovação, como também a demandar soluções que mudam a dinâmica do negócio, a própria estrutura da cadeia, permitindo o surgimento de novas fontes de receita”, completa o co-fundador da Terracotta.
Para o executivo, a tecnologia acelerou e ajudou em muitos processos, mas também distanciou as pessoas de certa forma. “Liderar e transmitir a cultura da companhia exige ainda mais atitude, convivência e bons exemplos”, afirma.
Fernandes encerra que a tecnologia e a inovação têm uma penetração maior e ajudam os líderes que entendem que, se as ferramentas forem bem usadas, podem proporcionar mais tempo para a definição da estratégia do negócio do que efetivamente deixar os aspectos operacionais do dia a dia tomarem conta.
Não importa o tamanho da incorporadora, em que região ou segmento imobiliário ela atua: existem preocupações unânimes no momento, e uma das principais é com a disponibilidade de crédito no sistema poupança (SBPE), tanto para financiar a produção quanto o cliente final, em uma conjuntura de aumento nos saques das cadernetas e compulsórios que desestimulam a manutenção do capital nesta modalidade de investimento.
O testemunho é do sócio da Brain Inteligência Estratégica, Guilherme Werner, que participou dos cinco fóruns regionais realizados pelo GRI Club no Brasil - nordeste, interior de São Paulo, centro-oeste, sul e Minas Gerais, nesta ordem. Com mais de 150 líderes de empresas do setor em todas as reuniões, os fóruns são um bom parâmetro para medir o humor dos investidores no cenário atual.
Além do crédito, existe uma ansiedade no mercado residencial pelo início da vigência de muitas das novidades anunciadas pelo governo Lula no âmbito do novo Minha Casa, Minha Vida, medidas que, para o mercado, podem ser catalisadoras do crescimento do setor.
Segundo Werner, o resultado de 2023 não deve ser comparado com aquilo que o mercado imobiliário entregou no último biênio, estimulado por taxas de juros em patamares baixos e por um excesso de liquidez no país. “Se as empresas quiserem comparar este ano com 2021-22, poderá haver frustração. Mas devemos ter o terceiro melhor ano da história do mercado imobiliário”.
Guilherme Werner, sócio da Brain, apresenta dados atualizados de mercado em fórum imobiliário do GRI Club. (Foto: Divulgação/GRI Club)
Frente ao ano passado, nota-se uma queda importante nos lançamentos, em algumas regiões de forma mais expressiva, como interior de São Paulo, e em outras menos, como em Goiânia. “Isso naturalmente acarreta em retração nas vendas, pois o maior IVV (Índice de Velocidade de Vendas) quase sempre está no produto recém-lançado”, completa o sócio da Brain.
Entre prós e contras da atualidade, destaque para os baixos níveis de estoque - concentrados em produtos lançados no ano passado -, bem como uma intenção de compra estável, além da já mencionada reformulação no MCMV. Os principais desafios ao lado do crédito são a escassez de mão de obra qualificada e o alto patamar da Selic, que desestimula a produção imobiliária.
Tecnologia ganha espaço
Marcus Anselmo, co-fundador da Terracotta Ventures, se diz positivamente surpreso com o alto nível de interesse por novas tecnologias aplicáveis ao mercado imobiliário, com base nas conversas que teve com incorporadoras de todo o país. “Nos fóruns regionais, percebemos que os tomadores de decisão observam assuntos que saem das pautas óbvias, olhando para o efeito da tecnologia no longo prazo”, afirma o executivo.Em certa medida, os investidores regionais - justamente por não estarem nos grandes centros - precisam ser ainda mais criativos visando o futuro, o que os torna mais abertos a inovar e a pensar no modelo de negócio de forma diferente.
“No Brasil, já é comum as empresas do mercado imobiliário contratarem empresas com soluções de software, que é a tecnologia como um fornecedor de soluções para processos, mas essa ainda é uma visão limitada do potencial de transformação da tecnologia no setor. Pela ótica do venture capital, percebemos que o mercado começa a observar startups que vão além, que mudam a lógica do modelo de negócio”.
Anselmo cita como exemplo a InstaCasa, que oferece uma parceria com as incorporadoras para mostrar aos compradores de terrenos diversas opções de plantas digitais; e a Yuca, com um modelo de imóvel por assinatura, associando-se a incorporadoras para que elas acessem investidores ou mesmo acrescentem uma nova fonte de receita ao negócio - a renda via locação.
“O que percebo nos encontros do GRI Club é que as empresas do setor não só começam a se abrir à inovação, como também a demandar soluções que mudam a dinâmica do negócio, a própria estrutura da cadeia, permitindo o surgimento de novas fontes de receita”, completa o co-fundador da Terracotta.
O co-fundador da Terracotta Ventures, Marcus Anselmo (Foto: GRI Club)
Transformação também nas lideranças
A nova dinâmica de trabalho trazida pela pandemia de covid-19 subiu a régua na capacitação das lideranças. Segundo Alexandre Fernandes, CEO da Global Talent - consultoria de recrutamento de executivos seniores no mercado imobiliário -, muitos líderes não foram preparados para uma gestão tal como a exigida atualmente, especialmente no que diz respeito à transferência da cultura da empresa.Para o executivo, a tecnologia acelerou e ajudou em muitos processos, mas também distanciou as pessoas de certa forma. “Liderar e transmitir a cultura da companhia exige ainda mais atitude, convivência e bons exemplos”, afirma.
Alexandre Fernandes, CEO da Global Talent (Foto: GRI Club)
Fernandes encerra que a tecnologia e a inovação têm uma penetração maior e ajudam os líderes que entendem que, se as ferramentas forem bem usadas, podem proporcionar mais tempo para a definição da estratégia do negócio do que efetivamente deixar os aspectos operacionais do dia a dia tomarem conta.