
Concessões florestais ganham tração com projeto de 450 mil hectares no Amazonas
Representantes de BNDES, SFB, PPI e BID discutem com líderes indígenas e governo os rumos do manejo florestal no Brasil
31 de março de 2025Infraestrutura
Por Belén Palkovsky
Em uma reunião online organizada pelo GRI Club, diversas entidades se reuniram para discutir o futuro das concessões florestais no Brasil. O encontro contou com a participação de líderes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), governo do Amapá, além de representantes de comunidades indígenas e especialistas em sustentabilidade.
O principal foco do debate foi o projeto da Floresta Nacional de Jatuarana, localizada no sul do Amazonas, mas também foram abordados os desafios e as oportunidades para o uso sustentável das florestas de forma geral, com ênfase na promoção da economia verde, geração de empregos e preservação ambiental.
As concessões florestais no Brasil começaram com a Lei 11.284 de 2006, que estabeleceu o modelo para o manejo sustentável das florestas públicas com o objetivo de garantir a exploração controlada dos recursos naturais. Entretanto, a crescente pressão sobre os recursos florestais e os altos índices de desmatamento ilegal na Amazônia aceleraram a necessidade de soluções mais eficazes. O país, com dimensões continentais que dificultam a gestão adequada das áreas verdes, tem se esforçado para criar modelos que combinem a experiência do setor público com a eficiência do privado.
Atualmente, o Brasil possui 22 projetos de concessões florestais, cobrindo mais de 23 milhões de hectares de florestas. Contudo, para que esses projetos sejam bem-sucedidos é fundamental que o modelo seja sustentável tanto ambiental quanto economicamente. Os investimentos em infraestrutura, especialmente em regiões remotas da Amazônia, ainda são limitados, o que prejudica a competitividade e a viabilidade econômica de muitas dessas concessões. Além disso, a falta de uma estrutura de governança robusta e as dificuldades em garantir os direitos territoriais nas áreas de concessão são desafios ainda vigentes.
Nesse sentido, o BNDES desempenha um papel central na estruturação e no financiamento dos projetos do setor, apoiando a viabilidade econômica dessas iniciativas. Em parceria com o SFB, o banco tem coordenado a implementação de projetos de manejo sustentável, como a mencionada Floresta Nacional de Jatuarana, que se destaca como um exemplo paradigmático do modelo atual.
Localizada no sul do Amazonas, a floresta ocupa 450 mil hectares, com previsão de produção de 233 mil metros cúbicos de madeira por ano. A receita anual estimada chega a R$5 bilhões, a partir de um investimento inicial de R$14 milhões em infraestrutura.
A licitação está prevista para ocorrer na B3 e as propostas serão aceitas até 20 de maio. O projeto também está integrado à estratégia de geração de créditos de carbono, o que representa uma nova fonte de receita acessória para manejo florestal no Brasil.
Os executivos destacam que o PPI tem sido essencial na priorização de iniciativas ambientais no governo federal, garantindo que projetos como o de Jatuarana sejam considerados estratégicos na competitividade nacional. Sua função é coordenar a integração das políticas públicas com as necessidades de manejo sustentável e conservação.
Por sua vez, o BID também tem contribuído com apoio financeiro e institucional, além de destacar a possibilidade de replicar o modelo brasileiro em outros países da Amazônia, como Peru, Colômbia e Equador, fortalecendo a cooperação internacional para a preservação ambiental na América Latina.
Durante a reunião, o governo do Amapá se destacou como um dos grandes exemplos de sucesso na implementação de concessões florestais. Com 14 anos de experiência, o Amapá já possui três contratos em execução e está licitando 750 mil hectares adicionais, com a meta de expandir para 1,4 milhão de hectares até 2028-2029. As autoridades do estado relatam que a parceria com o BNDES é essencial para garantir segurança jurídica e eficiência administrativa nas concessões.
Por outro lado, a participação das comunidades, especialmente em Jatuarana, foi destacada como crucial para o sucesso do projeto. As lideranças indígenas presentes no encontro demonstraram apoio ao projeto, pois veem nele uma oportunidade de melhorar as condições de vida e fortalecer as organizações comunitárias locais.
"Esse projeto traz grandes expectativas para a nossa comunidade, especialmente com a criação de empregos e a sustentabilidade da floresta", afirma um representante indígena.
Os habitantes das regiões, muitas das quais enfrentam desafios de infraestrutura e oportunidades de emprego, veem nas concessões florestais uma forma de melhorar sua qualidade de vida, ao mesmo tempo em que preservam seu modo de vida tradicional. A integração das comunidades ao processo, com garantia de benefícios sociais e ambientais, é vista como essencial.
Já o mercado de carbono emerge como um componente importante para a viabilidade financeira dos projetos. A Lei 14.590/2023, que permite a integração de projetos de carbono nas concessões florestais, foi recebida com otimismo, à medida que as empresas buscam alternativas sustentáveis para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil possui grande potencial de geração, especialmente com os projetos de manejo sustentável das florestas públicas, pelo que iniciativas assim são consideradas uma fonte adicional de receita, além da venda legal de madeira, sendo um atrativo extra para os investidores. Nesse sentido, especialistas consideram que as concessões florestais podem ser uma das principais fontes para o mercado de carbono, que, por sua vez, fortaleceria a economia verde e a sustentabilidade financeira dos projetos.
Apesar do progresso, os executivos destacam que a infraestrutura insuficiente nas áreas remotas, a falta de segurança jurídica e as resistências locais a alguns modelos de concessão continuam sendo obstáculos. Mas há consenso de que, com a colaboração entre o setor público e privado, o Brasil tem a chance de transformar as concessões florestais em uma solução ambiental eficaz no combate ao desmatamento e no impulso à economia sustentável em toda a América Latina.
Em uma reunião online organizada pelo GRI Club, diversas entidades se reuniram para discutir o futuro das concessões florestais no Brasil. O encontro contou com a participação de líderes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), governo do Amapá, além de representantes de comunidades indígenas e especialistas em sustentabilidade.
O principal foco do debate foi o projeto da Floresta Nacional de Jatuarana, localizada no sul do Amazonas, mas também foram abordados os desafios e as oportunidades para o uso sustentável das florestas de forma geral, com ênfase na promoção da economia verde, geração de empregos e preservação ambiental.
As concessões florestais no Brasil começaram com a Lei 11.284 de 2006, que estabeleceu o modelo para o manejo sustentável das florestas públicas com o objetivo de garantir a exploração controlada dos recursos naturais. Entretanto, a crescente pressão sobre os recursos florestais e os altos índices de desmatamento ilegal na Amazônia aceleraram a necessidade de soluções mais eficazes. O país, com dimensões continentais que dificultam a gestão adequada das áreas verdes, tem se esforçado para criar modelos que combinem a experiência do setor público com a eficiência do privado.
Atualmente, o Brasil possui 22 projetos de concessões florestais, cobrindo mais de 23 milhões de hectares de florestas. Contudo, para que esses projetos sejam bem-sucedidos é fundamental que o modelo seja sustentável tanto ambiental quanto economicamente. Os investimentos em infraestrutura, especialmente em regiões remotas da Amazônia, ainda são limitados, o que prejudica a competitividade e a viabilidade econômica de muitas dessas concessões. Além disso, a falta de uma estrutura de governança robusta e as dificuldades em garantir os direitos territoriais nas áreas de concessão são desafios ainda vigentes.
Nesse sentido, o BNDES desempenha um papel central na estruturação e no financiamento dos projetos do setor, apoiando a viabilidade econômica dessas iniciativas. Em parceria com o SFB, o banco tem coordenado a implementação de projetos de manejo sustentável, como a mencionada Floresta Nacional de Jatuarana, que se destaca como um exemplo paradigmático do modelo atual.
Localizada no sul do Amazonas, a floresta ocupa 450 mil hectares, com previsão de produção de 233 mil metros cúbicos de madeira por ano. A receita anual estimada chega a R$5 bilhões, a partir de um investimento inicial de R$14 milhões em infraestrutura.
A licitação está prevista para ocorrer na B3 e as propostas serão aceitas até 20 de maio. O projeto também está integrado à estratégia de geração de créditos de carbono, o que representa uma nova fonte de receita acessória para manejo florestal no Brasil.
Os executivos destacam que o PPI tem sido essencial na priorização de iniciativas ambientais no governo federal, garantindo que projetos como o de Jatuarana sejam considerados estratégicos na competitividade nacional. Sua função é coordenar a integração das políticas públicas com as necessidades de manejo sustentável e conservação.
Por sua vez, o BID também tem contribuído com apoio financeiro e institucional, além de destacar a possibilidade de replicar o modelo brasileiro em outros países da Amazônia, como Peru, Colômbia e Equador, fortalecendo a cooperação internacional para a preservação ambiental na América Latina.
Durante a reunião, o governo do Amapá se destacou como um dos grandes exemplos de sucesso na implementação de concessões florestais. Com 14 anos de experiência, o Amapá já possui três contratos em execução e está licitando 750 mil hectares adicionais, com a meta de expandir para 1,4 milhão de hectares até 2028-2029. As autoridades do estado relatam que a parceria com o BNDES é essencial para garantir segurança jurídica e eficiência administrativa nas concessões.
Por outro lado, a participação das comunidades, especialmente em Jatuarana, foi destacada como crucial para o sucesso do projeto. As lideranças indígenas presentes no encontro demonstraram apoio ao projeto, pois veem nele uma oportunidade de melhorar as condições de vida e fortalecer as organizações comunitárias locais.
"Esse projeto traz grandes expectativas para a nossa comunidade, especialmente com a criação de empregos e a sustentabilidade da floresta", afirma um representante indígena.
Os habitantes das regiões, muitas das quais enfrentam desafios de infraestrutura e oportunidades de emprego, veem nas concessões florestais uma forma de melhorar sua qualidade de vida, ao mesmo tempo em que preservam seu modo de vida tradicional. A integração das comunidades ao processo, com garantia de benefícios sociais e ambientais, é vista como essencial.
Já o mercado de carbono emerge como um componente importante para a viabilidade financeira dos projetos. A Lei 14.590/2023, que permite a integração de projetos de carbono nas concessões florestais, foi recebida com otimismo, à medida que as empresas buscam alternativas sustentáveis para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil possui grande potencial de geração, especialmente com os projetos de manejo sustentável das florestas públicas, pelo que iniciativas assim são consideradas uma fonte adicional de receita, além da venda legal de madeira, sendo um atrativo extra para os investidores. Nesse sentido, especialistas consideram que as concessões florestais podem ser uma das principais fontes para o mercado de carbono, que, por sua vez, fortaleceria a economia verde e a sustentabilidade financeira dos projetos.
Apesar do progresso, os executivos destacam que a infraestrutura insuficiente nas áreas remotas, a falta de segurança jurídica e as resistências locais a alguns modelos de concessão continuam sendo obstáculos. Mas há consenso de que, com a colaboração entre o setor público e privado, o Brasil tem a chance de transformar as concessões florestais em uma solução ambiental eficaz no combate ao desmatamento e no impulso à economia sustentável em toda a América Latina.