Debate multilateral explora energia, gás, logística e saneamento em São Paulo

Líderes da infraestrutura e do agronegócio paulista se reuniram com Natália Resende para debater estratégias de atração de capital

31 de janeiro de 2025Infraestrutura
Por Belén Palkovsky

Em um encontro exclusivo para membros do GRI Club com a Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende, foram debatidas as estratégias para atração de investimentos nos setores de energia, gás, saneamento e infraestrutura. 

Desde o início da atual gestão, o Estado ampliou significativamente seu portfólio de concessões e parcerias público-privadas, ultrapassando a marca de R$340 bilhões em investimentos contratados, um salto expressivo em relação aos R$220 bilhões inicialmente previstos. Dentro desse contexto, a modernização dos transportes tem se destacado, com investimentos expressivos previstos para regiões como o Circuito das Águas, que receberá R$6,7 bilhões para a renovação de 391 km de rodovias, a Rota Mogiana, com R$4 bilhões destinados a 321 km de estradas, e o trecho Itapetininga–Ourinhos, com R$2,8 bilhões para melhorar 282 km de vias. Paralelamente, o Porto de São Sebastião, um ponto estratégico para a logística estadual, está em processo de arrendamento, com apoio do governo federal, reforçando a integração entre diferentes modais de transporte.

Além das concessões tradicionais, o Estado tem investido em soluções inovadoras para garantir eficiência logística e sustentabilidade. A modernização das travessias litorâneas, por exemplo, contará com R$1,2 bilhão para a renovação da frota, priorizando veículos elétricos e maior eficiência no transporte intermunicipal. Outra frente consiste na adoção de serviços ambientais em rodovias, tema que ganhou ainda mais relevância após o desastre ocorrido em São Sebastião em 2023. 

"A gente quer olhar a infraestrutura de uma forma integrada: logística, meio ambiente, sustentabilidade. A gente tem um plano de adaptação e resiliência, um planejamento de longo prazo, para dar previsibilidade ao investidor e garantir que a infraestrutura do Estado continue competitiva e eficiente" – afirma Resende.

O setor energético também recebeu atenção, com foco na diversificação da matriz e na valorização dos recursos renováveis. São Paulo tem um potencial de produção de 6,5 milhões de metros cúbicos por dia de biometano, suficiente para suprir 50% da demanda industrial do estado. O volume produzido triplicou no último ano, impulsionado pela inauguração de novas plantas que transformam resíduos agroindustriais em energia limpa, promovendo a economia circular e aumentando a competitividade rural. Ao mesmo tempo, o Estado avança na consolidação da cadeia de hidrogênio verde, investindo na produção, armazenamento e distribuição do combustível, com suporte do Plano Estadual de Energia. A meta é integrar diferentes fontes renováveis, como hidráulica, biogás e solar, tornando São Paulo referência na transição energética.

"Não é só o hidrogênio verde. O Brasil tem um potencial enorme para o hidrogênio de baixo carbono, que pode vir da cana, do biogás, do biometano. A gente precisa explorar todas essas rotas energéticas e dar previsibilidade para o investidor" – pontua a secretária.

No setor de saneamento, a universalização do acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário é apontada como um dos principais desafios. A privatização da Sabesp é um exemplo bem-sucedido de cumprimento de cronogramas rigorosos e aprimoramento regulatório, enquanto o Programa Universaliza SP busca antecipar as metas do Novo Marco do Saneamento, atraindo investimentos privados em modelos de concessão regionalizada. Atualmente, 3.084 bacias hidrográficas do estado estão sendo analisadas para enfrentar os desafios climáticos até 2050. Além disso, para reforçar a segurança hídrica, São Paulo estabeleceu parcerias com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para beneficiar 5,5 milhões de pessoas em 27 cidades da região do PCJ (Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí).

Somado a isso, a gestão de resíduos sólidos é apontada como uma questão urgente, já que 67 aterros sanitários do estado atingirão sua capacidade máxima nos próximos dois anos. Para mitigar esse problema, o governo lançou o programa Integra Resíduos, que visa regionalizar a destinação de resíduos, reduzindo custos logísticos por meio de alternativas tecnológicas sustentáveis. A necessidade de regionalizar a gestão de resíduos, atrair capital privado e garantir previsibilidade regulatória foi um dos pontos mais enfatizados durante a discussão.

"Precisamos parar de tratar a sustentabilidade apenas como discurso e colocá-la na prática. São Paulo tem um plano climático estruturado, com ações concretas para mitigação, adaptação e resiliência" – enfatiza Resende.

O agronegócio paulista também se beneficia diretamente das iniciativas voltadas à infraestrutura e sustentabilidade. A modernização da logística rural, por meio da recuperação e ampliação da malha viária no interior, facilita o escoamento da produção agrícola e reduz custos operacionais para produtores e cooperativas. Além disso, o governo tem investido na regionalização de serviços ambientais, capacitando municípios para aprimorar a gestão de recursos hídricos e ampliar o acesso a tecnologias sustentáveis no campo. A integração de práticas de restauração ambiental em áreas produtivas, aliada a incentivos para a adoção de bioenergia e soluções renováveis, fortalece a competitividade do setor e contribui para a redução da pegada de carbono da agroindústria.

Outra frente de atuação envolve a expansão de concessões florestais e projetos de recuperação ambiental, criando oportunidades para o agronegócio se alinhar às diretrizes de mercado sustentável e agregar valor aos produtos exportados. O Estado tem buscado fomentar a gestão eficiente de resíduos agrícolas, transformando passivos ambientais em novas fontes de receita, como a produção de biofertilizantes e insumos energéticos derivados da biomassa. 

O GRI Club segue comprometido em promover um canal direto entre os líderes da infraestrutura e do agronegócio e agentes do setor público, facilitando discussões estratégicas que impulsionam o desenvolvimento do país.