GRI Amazonia Alliance promove o desenvolvimento sustentável

Agenda em Manaus reúne autoridades públicas, investidores e operadores privados, antecipando temas da COP28

25 de outubro de 2023Infraestrutura
Por Henrique Cisman

O GRI Club Infra lança oficialmente uma agenda para promover o desenvolvimento sustentável por meio de investimentos em projetos de infraestrutura e energia: GRI Amazonia Alliance, cuja agenda inicial será realizada nos dias 16 e 17 de novembro, em Manaus, com visitas técnicas e debates entre autoridades públicas, investidores e operadores privados do setor. 

A iniciativa é patrocinada por grandes empresas - Eneva, OPY Health e VINCI - que destacam a importância do GRI Amazonia Alliance para fomentar o equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade, oferecendo melhores condições e qualidade de vida para a população local, com efeito multiplicador para outras regiões do Brasil e do mundo. 

"No cenário das mudanças climáticas, a vegetação da Amazônia é crucial para absorver carbono e equilibrar a atmosfera. Além da ecologia, a região tem uma dimensão humana, com comunidades enfrentando desafios diários por uma vida digna. Para um desenvolvimento genuíno e eficaz, é essencial considerar os interesses e as necessidades dessas populações, buscando harmonizar o bem-estar humano com a preservação ambiental", afirma o amazônida Márcio Lira, especialista em Relações Institucionais da Eneva.

"A abordagem da Eneva, em respeito à sustentabilidade, visa especialmente esse condão: construir um legado social, econômico e ambiental positivo, em todas as nossas operações, notadamente no Amazonas", completa o executivo.

O planejamento da Eneva até 2030 prioriza a região amazônica: os maiores investimentos projetados devem ser feitos no Estado do Amazonas - chegando à cifra de R$ 5,8 bilhões - para a construção de uma termelétrica usando o gás do Campo de Azulão, que a Eneva desenvolve desde 2019. A estimativa é que a obra gere cerca de 5 mil empregos no pico, e que a energia gerada pela termelétrica abasteça mais de 3,8 milhões de residências em todo o país.

"Através do investimento em infraestrutura e energia buscamos o empoderamento do cidadão local em harmonia e respeito com o ecossistema em que está inserido. Os recursos naturais da Amazônia passam a ser responsavelmente empregados em prol da dignidade do amazônida”, conclui Lira.
 
Campo de Azulão (imagem: Reprodução)

Uma das principais desenvolvedoras e operadoras de aeroportos no mundo, a VINCI tem uma política ambiental sólida e ambiciosa no combate às mudanças climáticas - que neste momento atingem em cheio a região amazônica com a pior seca dos últimos 120 anos. 

A empresa afirma que "os aeroportos estão empenhados em, até 2030, ser zero aterro, reduzir pela metade a pegada de carbono, ter uso zero de pesticidas e reduzir pela metade o consumo de água". No caso dos aeroportos situados na região amazônica, a meta também é conquistar a certificação ISO14001, já obtida pelo Salvador Bahia Airport, que é operado pela companhia. 

"O Salvador Bahia Airport recebeu o título de mais sustentável do Brasil pela Agência Nacional de Aviação Civil por três anos consecutivos. É a primeira vez que um aeroporto brasileiro é reconhecido com a norma internacional ISO14001, que comprova a excelência do seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA)", afirma Karen Strougo, CEO da Concessionária dos Aeroportos da Amazônia da VINCI Airports.

No ano passado, Boa Vista Airport e Porto Velho Airport empataram em primeiro lugar na categoria Aeroporto Mais Sustentável com até 1 milhão de passageiros no ano, em premiação da ANAC. Manaus Airport ficou na terceira posição na categoria até 5 milhões de passageiros/ano. 

"Algumas medidas fundamentais nesse processo estão em andamento, como o fomento ao desenvolvimento da economia circular, o engajamento com as comunidades para a promoção da educação ambiental, a proteção à biodiversidade e os investimentos em projetos ambientais", completa a executiva. 

Manaus Airport (Imagem: Divulgação/Vinci Airports)

A OPY Health investe nacionalmente em infraestrutura de saúde e opera o Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, em Manaus. Segundo Otávio Silveira, CEO da OPY, trata-se de uma operação que é "ESG na veia, oferecendo infraestrutura de qualidade para uma população carente no ambiente amazônico, onde há preocupações que vão além da prestação de um bom serviço hospitalar". 

Ele destaca uma iniciativa que consiste em ensinar noções de culinária para os acompanhantes de pacientes cujo tratamento inclui a prescrição de dietas especiais. "Muitas vezes, as pessoas não sabem o que é uma dieta hipossódica, por exemplo". Isso acarreta em novas necessidades de internação de pacientes com alta, pressionando a infraestrutura pública. 

"Desenvolvimento sustentável é um tema muito precioso para nós, por isso estamos aqui patrocinando esta iniciativa, para mostrar que é possível - dentro do ambiente amazônico - fazer uma ocupação humana organizada", afirma Silveira. 

O executivo ainda destaca a visão de longo prazo dos investimentos e a importância de conectá-la às visões dos governos: "Acho que é o ambiente perfeito para congregar os agentes e estabelecer pontos de convergência". 

O CEO da OPY Health ressalta que o case do Hospital Deplhina Aziz deveria ser implementado no restante do país. "É uma infraestrutura belíssima, melhor do que 90% dos hospitais privados do Brasil, que atende a população com alta qualidade."

Por fim, Silveira diz que um dos objetivos da OPY é ajudar no desenvolvimento de um mercado que tenha bons projetos de infraestrutura de saúde, para depois poder participar da concorrência para operar alguns desses bons projetos. "Não existe empresa forte com mercado fraco", conclui. 

Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz (imagem: Divulgação/OPY Health)

GRI Amazonia Alliance antecipa discussões da COP28

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, mais conhecida como COP28, será realizada entre os dias 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, com participação relevante do Brasil. Algumas das principais agendas do encontro já serão endereçadas no GRI Amazonia Alliance, como o avanço do mercado de carbono e a criação de linhas específicas de financiamento. 

Veja a seguir alguns destaques visando a participação brasileira na COP28. 

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, anunciou durante a Cúpula de Ação Climática da ONU que o Brasil retomaria as metas de descarbonização apresentadas durante a COP21, em Paris, em 2015. Com isso, a Contribuição Nacionalmente Determinada brasileira volta a ser de redução das emissões de 48% em 2025 e 53% em 2030, em comparação aos níveis de 2005. 

Em 2020, o governo Bolsonaro havia alterado as metas para uma redução de 37% em 2025 e 50% em 2030. A revisão da NDC reforça o compromisso do governo em cumprir metas ambiciosas relacionadas à descarbonização da economia, ainda que não haja tal obrigação para países em desenvolvimento, como o Brasil.  

Marina Silva também acompanhou o evento de lançamento de títulos da dívida externa com critérios ambientais, os chamados títulos verdes, coordenado pelo Ministério da Fazenda. A expectativa do governo é de arrecadar USD 2 bilhões com os títulos, valor que será empregado exclusivamente para o financiamento de projetos sustentáveis, como para garantir a transição energética ou aumentar a capacidade de absorção de carbono.

O governo brasileiro pretende levar a reativação do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e a regulamentação do mercado nacional de créditos de carbono como principais movimentações domésticas em direção à uma economia de baixo carbono. O setor privado vê positivamente o fato de o Brasil voltar a ter um único pavilhão com representantes federais, estaduais, empresariais e da sociedade civil. Nas últimas edições, as delegações brasileiras estiveram separadas do governo.

O ministro da Indústria e Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos e presidente da COP28, Sultan Al Jaber, participou de evento realizado na Bolsa de Valores de Nova York em que destacou a necessidade de maior participação do setor empresarial em relação ao financiamento sustentável a fim de cumprir os objetivos do Acordo de Paris, entre os quais o de evitar um aumento de temperatura superior a 1.5ºC. 

O financiamento deverá ser um dos principais temas de discussão durante a Conferência, que deve debater a operacionalização do fundo de perdas e danos instituído durante a COP27, além de buscar alternativas para viabilizar o pagamento anual de USD 100 bilhões que deveria ter iniciado em 2020.
 
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