Boas oportunidades levam investimentos para fora do mercado paulista
Executivos debatem panorama em locais como Brasília, Rio de Janeiro e Minas Gerais
Líderes de grupos de investimentos e desenvolvedores imobiliários se reuniram virtualmente nesta quarta-feira (3) para debater as oportunidades no Brasil, principalmente fora de São Paulo, onde está concentrada boa parte dos empreendimentos e novos negócios.
O painel foi moderado por Diego Fonseca, sócio-diretor da Jive Investments, e contou com as contribuições de Juliano Fleury, sócio da J. Fleury Assessoria e Consultoria Imobiliária, Marcelo Fedak, sócio-diretor da BlueMacaw, Rossano Nonino, sócio e diretor executivo da Ourinvest Real Estate, e Paulo Octávio, CEO da Organizações Paulo Octávio.
Um dos mercados mais pujantes, segundo os painelistas, é Brasília. “Nos últimos anos, a demanda residencial foi altíssima. É a cidade que mais cresce no Brasil, na média de 1% ao ano. Estamos construindo três empreendimentos, em torno de 1,5 mil unidades, e as vendas têm sido muito boas”, revelou Paulo Octávio.
Para Juliano Fleury, a capital do país carece de prédios corporativos de qualidade. “A demanda está latente, não tem um prédio sequer desocupado. Os produtos de qualidade vão performar de forma surpreendente. Podemos citar o Green Towers Brasília, um case do qual participamos, uma das maiores locações para monousuário do mundo, em uma área de 180 mil metros quadrados”.
Outro local com bons atrativos é Minas Gerais, onde a BlueMacaw realizou uma aquisição recentemente: “Acabamos de investir em um galpão logístico em Extrema. É um inquilino forte, de qualidade, com um contrato longo, em uma cidade que já virou um polo de logística. Olhamos ativos para carregar, mas obviamente com possibilidade de vender, com liquidez”, disse Marcelo Fedak.
No Rio de Janeiro, o cenário é incerto: para Rossano Nonino, há boas oportunidades em razão do estresse financeiro, mas a dependência do setor de óleo e gás é um ponto de atenção no mercado corporativo. Já os shopping centers devem observar uma recuperação em V, com fluxos de visitantes, volumes de vendas e locações superiores aos níveis pré-pandemia, segundo o executivo.
A hotelaria corporativa deve ser impactada independentemente do destino, segundo os executivos. Por outro lado, os hotéis que oferecem um mix de serviços e lazer tendem a observar um aumento de demanda: “Gosto bastante do modelo de turismo associado ao residencial porque muitas vezes as pessoas podem passar a semana, já que podem linkar uma coisa com a outra”, afirmou o sócio da Ourinvest.
O modelo residencial para renda aparece como ótima oportunidade daqui em diante, embora haja o desafio de obter volume fora do eixo Rio-São Paulo. “Em Brasília, grande parte do dinheiro que estava aplicado nos bancos migrou para investimentos em imóveis para locação. Estamos conseguindo entre 0,5% e 0,6% sobre o valor do imóvel, um excelente negócio considerando os rendimentos e a valorização futura”, disse Octávio.
De acordo com uma enquete realizada ao longo do painel, o Centro-Oeste ganha com folga o posto de melhor oportunidade para investimentos fora do Sudeste atualmente, apontado por 70% dos respondentes. O Nordeste aparece na sequência, escolhido por 28% (poderiam ser indicadas múltiplas opções).
Projetando o segundo semestre, 59% dos participantes pretendem aumentar os investimentos no mercado imobiliário, sendo 35% expressivamente e outros 24% de forma mais cautelosa. Apenas 6% tendem a reduzir os aportes, mas de forma suave, isto é, não deve haver desinvestimentos relevantes.
Já para a reciclagem de portfólio, a principal estratégia para 38% dos respondentes é o retrofit de ativos, enquanto 32% vão optar pelo desenvolvimento de projetos greenfield. A compra de ativos foi apontada por 24% como a melhor escolha, e apenas 6% pretendem vender parte da carteira nos próximos meses.
“O mercado [imobiliário] brasileiro está depreciado na maioria dos ativos, inclusive na comparação com países vizinhos, quando a realidade sempre foi o inverso. Parece um momento interessante para investir”, encerrou Fedak.
Por Henrique Cisman