Demanda habitacional elimina estoques e fomenta lançamentos Brasil afora
Empresas do setor diversificam o portfólio entre loteamentos e incorporação vertical
7 de abril de 2022Mercado Imobiliário
Do nordeste ao sul, os mercados fora do eixo Rio-São Paulo se beneficiaram com o aumento da demanda habitacional nos últimos anos, estimulada pela queda das taxas de juros a patamares inéditos e a busca por mais conforto, espaço e contato com a natureza, que ainda se mantém - em menor ritmo - mesmo com a volta da vida a um cenário mais próximo do que era o normal em 2019.
A Conviver Urbanismo está com seu menor estoque dos últimos dez anos, segundo o presidente Luiz Geddes Aragão. O executivo afirma que o foco da empresa, hoje, é fazer lançamentos de produtos com maior valor agregado, como é o caso do Parnaíba Residence, que está em desenvolvimento.
Desde 2020, a Conviver tem migrado para faixas de renda mais elevadas (classes A- e B+). “A gente trabalhava muito com o público classe C, mas vimos a perda de renda desse consumidor ao mesmo tempo em que cresceu o nível de exigência na qualidade da entrega, então hoje estamos indo para um público classe B”, explica.
Para se blindar de um possível aumento na inadimplência, a empresa adotou como estratégia melhorar a qualidade da carteira de clientes, que é 100% própria, optando pelo caminho do distrato nas vendas de maior risco.
A companhia espera crescer 27% nos lançamentos e aumentar em 30% as vendas (VGV) em relação ao ano passado. Para isso, conta com quatro novos projetos e a liquidação do pouco estoque remanescente. Os empreendimentos greenfield serão construídos em Juazeiro do Norte, Sobral e Teresina (dois); na capital piauiense, um dos projetos será desenvolvido com a Alphaville.
Segundo o sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, a região nordeste demorou mais a sair da crise econômica entre 2014 e 2016, o que prejudicou o mercado imobiliário e resultou no hiato de lançamentos, panorama que mudou nos últimos dois anos. “A queda brutal no estoque deu fôlego para uma retomada forte em todas as capitais do nordeste, que cresceram acima da média do Brasil em 2021, em termos de lançamentos”, afirma.
O especialista destaca duas tipologias principais na região: produtos de luxo - e não apenas beira-mar, como também em bairros nobres mais afastados -, com apartamentos que vão de 180 até 400 metros quadrados privativos e prédios com mais de 40 pavimentos; e os compactos com viés de locação por períodos curtos, principalmente em Fortaleza, João Pessoa e Recife.
Cadastre-se gratuitamente na newsletter de mercado imobiliário elaborada com a curadoria do GRI Club e receba as principais notícias do setor todo domingo à noite para começar a semana bem informado.
Depois de dois anos excelentes, o fundador da Yes Investimentos Imobiliários, Jeison Quraitem, avalia que a tendência em 2022 é uma pequena retração no setor em razão do panorama macroeconômico, principalmente no produto de investimento, que perde atratividade frente a aplicações financeiras conservadoras, embora ressalte que, no longo prazo, sempre haverá valorização imobiliária.
Consoante ao indicado pelo sócio da Brain, Quraitem acredita que os mercados de luxo e de unidades compactas - com tickets mais baixos, portanto - devem continuar aquecidos, mas outros produtos requerem mais cautela. “Estamos revisando alguns projetos”, afirma o executivo.
A quantidade de novos empreendimentos, entretanto, revela que a empresa está otimista - sensação ancorada no bom desempenho da economia catarinense e na entrada de investimentos na região do Campeche (SC-405), de grandes varejistas a empresas de tecnologia.
A Yes tem quatro empreendimentos nas proximidades da rodovia e um terreno dentro do Aeroporto Internacional de Florianópolis, onde planeja desenvolver um ativo residencial com perfil hoteleiro. Recentemente, lançou dois projetos verticais no Campeche - VIBE, 100% vendido, e Link, em parceria com a Housi - e um horizontal em Garopaba (Ygaratá), que teve os 104 lotes vendidos em 18 dias.
Neste mês, deve lançar o loteamento Ecovillas, também na região do Campeche, a 150 metros do mar, com 350 casas de alto padrão situadas em uma área de 50 mil metros quadrados - das cinco fases do projeto, três serão lançadas em 2022, segundo Quraitem.
Com um landbank de aproximadamente R$ 200 milhões, a Yes ainda planeja lançar pelo menos mais dois projetos no segundo semestre, um deles mesclando unidades residenciais a um centro comercial e restaurantes no rooftop. O outro é mais um loteamento em Garopaba, na beira de uma lagoa, com 174 terrenos.
Segundo Araújo, Florianópolis é uma cidade que não tem estoque e impôs nos últimos anos uma grande restrição para lançamentos devido à dificuldade na aprovação de projetos, o que criou uma demanda reprimida em todos os segmentos. “O que tem sido lançado, é vendido. É a capital com o menor índice de desemprego do Brasil, o que significa que as oportunidades são grandes”.
Confira a agenda dos próximos eventos presenciais do GRI Club e garanta sua participação nos encontros mais qualificados do mercado imobiliário no Brasil
Por falar em demanda e oportunidades, o estado de São Paulo não poderia ficar de fora. De acordo com o sócio-diretor da Brain, um dos diferenciais das cidades do interior paulista é a conjugação de agronegócio e indústria, como são os casos de Ribeirão Preto, Bauru, Sorocaba, Campinas e muitas outras.
“Essa região saiu mais cedo da crise ocasionada pela pandemia e hoje tem um crescimento econômico muito acima da média do Brasil, com percentual de desemprego baixíssimo”, avalia Fábio Tadeu Araújo.
Cidades de maior porte apresentam boa demanda tanto para empreendimentos verticais como loteamentos, mas já se nota no interior de São Paulo um movimento de expansão das empresas para abarcar novos mercados. “Algumas companhias locais estão ficando grandes em relação ao tamanho da cidade de origem. Isso é bom para o consumidor, mas cria um desafio importante de competitividade”.
É o caso da Perplan, que desde 2017 - após uma reorganização societária - desenvolve projetos horizontais e verticais em 24 cidades paulistas e em municípios onde o agronegócio é pujante nos estados vizinhos, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A empresa nasceu em Ribeirão Preto, há 21 anos.
O plano em 2022 é lançar de seis a oito empreendimentos que somam R$ 700 milhões em valor geral de vendas (VGV), segundo o CEO, Ricardo Telles. Pelo menos três projetos serão lançados no primeiro semestre - um deles, em Uberlândia, já ocorreu no início do ano. Do VGV total, cerca de R$ 400 milhões são de empreendimentos verticiais e R$ 300 milhões de loteamentos.
Deodoro 2090, situado em Franca, será entregue pela Perplan em 2022. Imagem: Divulgação/Perplan
Perguntado sobre os desafios do presente ano, Telles afirma que a mentalidade da empresa é de longo prazo, o que evita prendê-la a particularidades momentâneas. Para não perder a mão, porém, a Perplan avalia o desempenho dos projetos um a um, decidindo se seguirá ou não com o planejamento inicial.
“É óbvio que a gente lança primeiro os projetos que têm um cenário mais promissor, maior segurança e liquidez, e vamos medindo passo a passo. As vendas de estoque estão indo bem, não há estoque em loteamento e na incorporação, somente unidades que estão em obra, e mesmo assim é menos de 10%. Todos os projetos têm de 90% a 95% de apartamentos vendidos”, revela o executivo.
Há duas entregas previstas para 2022: uma torre residencial em Franca, com 104 apartamentos, e um loteamento em Presidente Prudente, com 770 unidades.
Ao longo do último mês, o GRI Club promoveu fóruns regionais pelo Brasil para aproximar os desenvolvedores e fomentar o crescimento do mercado imobiliário.
Por Henrique Cisman
A Conviver Urbanismo está com seu menor estoque dos últimos dez anos, segundo o presidente Luiz Geddes Aragão. O executivo afirma que o foco da empresa, hoje, é fazer lançamentos de produtos com maior valor agregado, como é o caso do Parnaíba Residence, que está em desenvolvimento.
Desde 2020, a Conviver tem migrado para faixas de renda mais elevadas (classes A- e B+). “A gente trabalhava muito com o público classe C, mas vimos a perda de renda desse consumidor ao mesmo tempo em que cresceu o nível de exigência na qualidade da entrega, então hoje estamos indo para um público classe B”, explica.
Para se blindar de um possível aumento na inadimplência, a empresa adotou como estratégia melhorar a qualidade da carteira de clientes, que é 100% própria, optando pelo caminho do distrato nas vendas de maior risco.
A companhia espera crescer 27% nos lançamentos e aumentar em 30% as vendas (VGV) em relação ao ano passado. Para isso, conta com quatro novos projetos e a liquidação do pouco estoque remanescente. Os empreendimentos greenfield serão construídos em Juazeiro do Norte, Sobral e Teresina (dois); na capital piauiense, um dos projetos será desenvolvido com a Alphaville.
Segundo o sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, a região nordeste demorou mais a sair da crise econômica entre 2014 e 2016, o que prejudicou o mercado imobiliário e resultou no hiato de lançamentos, panorama que mudou nos últimos dois anos. “A queda brutal no estoque deu fôlego para uma retomada forte em todas as capitais do nordeste, que cresceram acima da média do Brasil em 2021, em termos de lançamentos”, afirma.
O especialista destaca duas tipologias principais na região: produtos de luxo - e não apenas beira-mar, como também em bairros nobres mais afastados -, com apartamentos que vão de 180 até 400 metros quadrados privativos e prédios com mais de 40 pavimentos; e os compactos com viés de locação por períodos curtos, principalmente em Fortaleza, João Pessoa e Recife.
Cadastre-se gratuitamente na newsletter de mercado imobiliário elaborada com a curadoria do GRI Club e receba as principais notícias do setor todo domingo à noite para começar a semana bem informado.
Depois de dois anos excelentes, o fundador da Yes Investimentos Imobiliários, Jeison Quraitem, avalia que a tendência em 2022 é uma pequena retração no setor em razão do panorama macroeconômico, principalmente no produto de investimento, que perde atratividade frente a aplicações financeiras conservadoras, embora ressalte que, no longo prazo, sempre haverá valorização imobiliária.
Consoante ao indicado pelo sócio da Brain, Quraitem acredita que os mercados de luxo e de unidades compactas - com tickets mais baixos, portanto - devem continuar aquecidos, mas outros produtos requerem mais cautela. “Estamos revisando alguns projetos”, afirma o executivo.
A quantidade de novos empreendimentos, entretanto, revela que a empresa está otimista - sensação ancorada no bom desempenho da economia catarinense e na entrada de investimentos na região do Campeche (SC-405), de grandes varejistas a empresas de tecnologia.
A Yes tem quatro empreendimentos nas proximidades da rodovia e um terreno dentro do Aeroporto Internacional de Florianópolis, onde planeja desenvolver um ativo residencial com perfil hoteleiro. Recentemente, lançou dois projetos verticais no Campeche - VIBE, 100% vendido, e Link, em parceria com a Housi - e um horizontal em Garopaba (Ygaratá), que teve os 104 lotes vendidos em 18 dias.
Neste mês, deve lançar o loteamento Ecovillas, também na região do Campeche, a 150 metros do mar, com 350 casas de alto padrão situadas em uma área de 50 mil metros quadrados - das cinco fases do projeto, três serão lançadas em 2022, segundo Quraitem.
Com um landbank de aproximadamente R$ 200 milhões, a Yes ainda planeja lançar pelo menos mais dois projetos no segundo semestre, um deles mesclando unidades residenciais a um centro comercial e restaurantes no rooftop. O outro é mais um loteamento em Garopaba, na beira de uma lagoa, com 174 terrenos.
Segundo Araújo, Florianópolis é uma cidade que não tem estoque e impôs nos últimos anos uma grande restrição para lançamentos devido à dificuldade na aprovação de projetos, o que criou uma demanda reprimida em todos os segmentos. “O que tem sido lançado, é vendido. É a capital com o menor índice de desemprego do Brasil, o que significa que as oportunidades são grandes”.
Confira a agenda dos próximos eventos presenciais do GRI Club e garanta sua participação nos encontros mais qualificados do mercado imobiliário no Brasil
Por falar em demanda e oportunidades, o estado de São Paulo não poderia ficar de fora. De acordo com o sócio-diretor da Brain, um dos diferenciais das cidades do interior paulista é a conjugação de agronegócio e indústria, como são os casos de Ribeirão Preto, Bauru, Sorocaba, Campinas e muitas outras.
“Essa região saiu mais cedo da crise ocasionada pela pandemia e hoje tem um crescimento econômico muito acima da média do Brasil, com percentual de desemprego baixíssimo”, avalia Fábio Tadeu Araújo.
Cidades de maior porte apresentam boa demanda tanto para empreendimentos verticais como loteamentos, mas já se nota no interior de São Paulo um movimento de expansão das empresas para abarcar novos mercados. “Algumas companhias locais estão ficando grandes em relação ao tamanho da cidade de origem. Isso é bom para o consumidor, mas cria um desafio importante de competitividade”.
É o caso da Perplan, que desde 2017 - após uma reorganização societária - desenvolve projetos horizontais e verticais em 24 cidades paulistas e em municípios onde o agronegócio é pujante nos estados vizinhos, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A empresa nasceu em Ribeirão Preto, há 21 anos.
O plano em 2022 é lançar de seis a oito empreendimentos que somam R$ 700 milhões em valor geral de vendas (VGV), segundo o CEO, Ricardo Telles. Pelo menos três projetos serão lançados no primeiro semestre - um deles, em Uberlândia, já ocorreu no início do ano. Do VGV total, cerca de R$ 400 milhões são de empreendimentos verticiais e R$ 300 milhões de loteamentos.
Deodoro 2090, situado em Franca, será entregue pela Perplan em 2022. Imagem: Divulgação/Perplan
Perguntado sobre os desafios do presente ano, Telles afirma que a mentalidade da empresa é de longo prazo, o que evita prendê-la a particularidades momentâneas. Para não perder a mão, porém, a Perplan avalia o desempenho dos projetos um a um, decidindo se seguirá ou não com o planejamento inicial.
“É óbvio que a gente lança primeiro os projetos que têm um cenário mais promissor, maior segurança e liquidez, e vamos medindo passo a passo. As vendas de estoque estão indo bem, não há estoque em loteamento e na incorporação, somente unidades que estão em obra, e mesmo assim é menos de 10%. Todos os projetos têm de 90% a 95% de apartamentos vendidos”, revela o executivo.
Há duas entregas previstas para 2022: uma torre residencial em Franca, com 104 apartamentos, e um loteamento em Presidente Prudente, com 770 unidades.
Ao longo do último mês, o GRI Club promoveu fóruns regionais pelo Brasil para aproximar os desenvolvedores e fomentar o crescimento do mercado imobiliário.
Por Henrique Cisman