Executivos pedem celeridade para deslanchar retrofit no Centro de São Paulo
GRI Club se reuniu com o prefeito Ricardo Nunes e demais autoridades. Confira os principais pontos
4 de agosto de 2023Mercado Imobiliário
Por Julia Ribeiro
Sob supervisão de Henrique Cisman
No momento em que a cidade de São Paulo começa a testemunhar os efeitos práticos dos incentivos de revitalização imobiliária do Centro da cidade, os principais líderes que investem no setor tiveram a oportunidade de expor ao prefeito Ricardo Nunes os desafios enfrentados em projetos de retrofit, durante um encontro do GRI Club sediado pela EBP Brasil no último dia 26 de julho.
O Club Meeting contou com a participação de executivos que estão atualmente envolvidos em projetos no Centro, incluindo Isadora Rebouças (Citas), Maxime Barkatz (Ilion Partners) e Rafael Steinbruch (Yuca). Da esfera pública, além de Nunes, participaram o secretário municipal de Urbanismo e Licenciamento, Marcos Duque Gadelho, o diretor de assuntos corporativos da Companhia Paulista de Parcerias, Augusto Almudin, e Basílio Jafet, presidente do Secovi-SP.
Além deles, representantes de empresas como XP Investimentos, Tishman Speyer, Barzel Properties, HSI, Kinea Investimentos, CIX Capital e Pivô Desenvolvimento Imobiliário, dentre muitas outras, participaram da reunião.
Eles levantaram questões burocráticas - incluindo a execução das leis de incentivo e tributações - como alguns dos principais obstáculos a serem superados para que o desenvolvimento aconteça de forma mais rápida.
É notável que o Centro da capital paulista já conta com projetos em andamento e obras de infraestrutura em fase avançada após dois anos de aprovação da chamada Lei do Retrofit, que além de prever incentivos fiscais, também presume uma tramitação mais rápida para esse fim.
"A lei é boa, mas falta entendimento prático dos técnicos para aprovar o projeto. Temos um caso que tramita desde 2021, um mês depois que a lei foi aprovada. Tínhamos uma proposta assinada, mas o negócio não vai acontecer porque o prédio foi invadido e ainda não tenho a aprovação", expõe uma executiva.
"Me parece difícil resolver tudo através de lei. O cartório não divide apartamento em dois sem a aprovação da prefeitura. Tivemos que vender um apartamento de 150m², onde era para ser menor, mas precisávamos ter o projeto aprovado em menos de um ano. Compramos uma briga comercial para evitar uma briga administrativa", comenta outro player.
“A Lei do IPTU de 2011 é o maior desincentivador possível porque automaticamente atualiza o ano corrigido da construção à data da última reforma. Ou seja, apesar dos benefícios do programa Requalifica Centro, que durante alguns anos deve isentar a cobrança, depois disso vai ser multiplicado o valor antigo”, acrescenta outro líder do setor.
Os posicionamentos trouxeram frutos e o prefeito Ricardo Nunes se comprometeu a publicar um novo decreto na primeira quinzena de agosto para dar mais celeridade à aprovação de projetos, conforme veiculado pela Folha.
Durante a conversa, ele ainda enfatizou a existência de um fundo de R$1 bilhão destinado àqueles que desejarem requalificar imóveis na região - desde que o prédio em questão tenha uso definido nos próximos 10 anos, a prefeitura compromete-se a pagar 20% da reforma.
"Hoje, a forma mais barata e sustentável de produzir uma unidade residencial é via retrofit, porque eu compro a casca do prédio 60% abaixo [do valor de mercado] e consigo fazer com que seja destinado a uma pessoa de mais baixa renda. Acaba sendo um bom aliado no combate ao déficit habitacional”, acrescenta um executivo.
A cidade de São Paulo se apresenta como um local atrativo para investimentos e tem tomado medidas significativas para melhorar a eficiência, reduzir custos e abordar questões socioambientais.
Além dos benefícios econômicos, o retrofit também tem um impacto positivo na revitalização de áreas urbanas, trazendo vida para espaços antes abandonados ou subutilizados. Esse processo ajuda a melhorar o entorno, tornando-o mais agradável e seguro para a comunidade.
“Não é de admirar que haja um crescente burburinho em torno do potencial de investimento e requalificação urbana no coração da cidade. Os avanços já alcançados, como o Vale do Anhangabaú e as próximas melhorias no sistema metroviário, são apenas a ponta do iceberg”, acrescentou o prefeito.
O governo do estado também vai aproveitar o movimento para investir em duas ações de PPP (Parceria Público Privada) no Centro: a transferência da sede administrativa do Palácio dos Bandeirantes para os Campos Elíseos e a construção de unidades habitacionais em parceria com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
"Estamos neste momento a trabalhar nos estudos da transferência [da sede do governo] para abrir consulta pública em 2025. Este projeto tem potencial para trazer nova vida ao centro da cidade junto com um projeto de habitação com expectativa de consulta pública mais rápida, até início de 2024, para depois seguir para edital e leilão”, afirma o diretor de assuntos corporativos da CPP, Augusto Almudin.
Apesar dos desafios enfrentados, a reunião também exibiu a crescente demanda de quem quer morar no centro e evitar o trânsito paulistano, sinalizando uma movimentação atrativa para o mercado imobiliário.
Ainda, incentivar o investimento na região significa aumentar a oferta de imóveis de interesse social, iniciativa que caminha em sintonia com os esforços do poder público para combater o déficit habitacional e reduzir a quantidade de pessoas em situação de rua ou moradia precária.
“A cidade possui o maior sistema de acolhimento da América Latina, com 24.000 lugares disponíveis para pessoas carentes. Estamos alugando 4.000 quartos exclusivamente para abrigar temporariamente idosos e crianças e com aluguel de casas para abrigos”, conclui Nunes.
Dentre os projetos de retrofit aprovados, um executivo menciona que dois deles estão localizados no coração da cidade, sendo que um - já em operação - apresenta índice de ocupação de 95%.
Essa demanda também é impulsionada por mudanças no modo de trabalho e nas novas necessidades dos espaços urbanos. Foi citada a existência de um estoque considerável de escritórios no centro que, com a evolução dos padrões de trabalho e o crescimento de modelos mais flexíveis, estão passando por uma mudança de uso e podem ser adaptados para moradia ou para atrair novas empresas.
"Temos um andar corporativo no centro, no primeiro andar do Copan, uma laje de 5 mil m². Podemos avançar em requalificar para atrair novas empresas à região. O mais conveniente é converter, mas acho que temos que atrair negócios.", finaliza um líder.
Sob supervisão de Henrique Cisman
No momento em que a cidade de São Paulo começa a testemunhar os efeitos práticos dos incentivos de revitalização imobiliária do Centro da cidade, os principais líderes que investem no setor tiveram a oportunidade de expor ao prefeito Ricardo Nunes os desafios enfrentados em projetos de retrofit, durante um encontro do GRI Club sediado pela EBP Brasil no último dia 26 de julho.
O Club Meeting contou com a participação de executivos que estão atualmente envolvidos em projetos no Centro, incluindo Isadora Rebouças (Citas), Maxime Barkatz (Ilion Partners) e Rafael Steinbruch (Yuca). Da esfera pública, além de Nunes, participaram o secretário municipal de Urbanismo e Licenciamento, Marcos Duque Gadelho, o diretor de assuntos corporativos da Companhia Paulista de Parcerias, Augusto Almudin, e Basílio Jafet, presidente do Secovi-SP.
Além deles, representantes de empresas como XP Investimentos, Tishman Speyer, Barzel Properties, HSI, Kinea Investimentos, CIX Capital e Pivô Desenvolvimento Imobiliário, dentre muitas outras, participaram da reunião.
(Foto: Guilherme Andrade/GRI Club)
Eles levantaram questões burocráticas - incluindo a execução das leis de incentivo e tributações - como alguns dos principais obstáculos a serem superados para que o desenvolvimento aconteça de forma mais rápida.
É notável que o Centro da capital paulista já conta com projetos em andamento e obras de infraestrutura em fase avançada após dois anos de aprovação da chamada Lei do Retrofit, que além de prever incentivos fiscais, também presume uma tramitação mais rápida para esse fim.
"A lei é boa, mas falta entendimento prático dos técnicos para aprovar o projeto. Temos um caso que tramita desde 2021, um mês depois que a lei foi aprovada. Tínhamos uma proposta assinada, mas o negócio não vai acontecer porque o prédio foi invadido e ainda não tenho a aprovação", expõe uma executiva.
"Me parece difícil resolver tudo através de lei. O cartório não divide apartamento em dois sem a aprovação da prefeitura. Tivemos que vender um apartamento de 150m², onde era para ser menor, mas precisávamos ter o projeto aprovado em menos de um ano. Compramos uma briga comercial para evitar uma briga administrativa", comenta outro player.
“A Lei do IPTU de 2011 é o maior desincentivador possível porque automaticamente atualiza o ano corrigido da construção à data da última reforma. Ou seja, apesar dos benefícios do programa Requalifica Centro, que durante alguns anos deve isentar a cobrança, depois disso vai ser multiplicado o valor antigo”, acrescenta outro líder do setor.
Os posicionamentos trouxeram frutos e o prefeito Ricardo Nunes se comprometeu a publicar um novo decreto na primeira quinzena de agosto para dar mais celeridade à aprovação de projetos, conforme veiculado pela Folha.
Durante a conversa, ele ainda enfatizou a existência de um fundo de R$1 bilhão destinado àqueles que desejarem requalificar imóveis na região - desde que o prédio em questão tenha uso definido nos próximos 10 anos, a prefeitura compromete-se a pagar 20% da reforma.
"Hoje, a forma mais barata e sustentável de produzir uma unidade residencial é via retrofit, porque eu compro a casca do prédio 60% abaixo [do valor de mercado] e consigo fazer com que seja destinado a uma pessoa de mais baixa renda. Acaba sendo um bom aliado no combate ao déficit habitacional”, acrescenta um executivo.
Prefeito Ricardo Nunes - (Foto: Guilherme Andrade/GRI Club)
A cidade de São Paulo se apresenta como um local atrativo para investimentos e tem tomado medidas significativas para melhorar a eficiência, reduzir custos e abordar questões socioambientais.
Além dos benefícios econômicos, o retrofit também tem um impacto positivo na revitalização de áreas urbanas, trazendo vida para espaços antes abandonados ou subutilizados. Esse processo ajuda a melhorar o entorno, tornando-o mais agradável e seguro para a comunidade.
“Não é de admirar que haja um crescente burburinho em torno do potencial de investimento e requalificação urbana no coração da cidade. Os avanços já alcançados, como o Vale do Anhangabaú e as próximas melhorias no sistema metroviário, são apenas a ponta do iceberg”, acrescentou o prefeito.
O governo do estado também vai aproveitar o movimento para investir em duas ações de PPP (Parceria Público Privada) no Centro: a transferência da sede administrativa do Palácio dos Bandeirantes para os Campos Elíseos e a construção de unidades habitacionais em parceria com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
"Estamos neste momento a trabalhar nos estudos da transferência [da sede do governo] para abrir consulta pública em 2025. Este projeto tem potencial para trazer nova vida ao centro da cidade junto com um projeto de habitação com expectativa de consulta pública mais rápida, até início de 2024, para depois seguir para edital e leilão”, afirma o diretor de assuntos corporativos da CPP, Augusto Almudin.
Apesar dos desafios enfrentados, a reunião também exibiu a crescente demanda de quem quer morar no centro e evitar o trânsito paulistano, sinalizando uma movimentação atrativa para o mercado imobiliário.
Ainda, incentivar o investimento na região significa aumentar a oferta de imóveis de interesse social, iniciativa que caminha em sintonia com os esforços do poder público para combater o déficit habitacional e reduzir a quantidade de pessoas em situação de rua ou moradia precária.
“A cidade possui o maior sistema de acolhimento da América Latina, com 24.000 lugares disponíveis para pessoas carentes. Estamos alugando 4.000 quartos exclusivamente para abrigar temporariamente idosos e crianças e com aluguel de casas para abrigos”, conclui Nunes.
Executivos acompanham Club Meeting do GRI (Foto: Guilherme Andrade/GRI Club)
Dentre os projetos de retrofit aprovados, um executivo menciona que dois deles estão localizados no coração da cidade, sendo que um - já em operação - apresenta índice de ocupação de 95%.
Essa demanda também é impulsionada por mudanças no modo de trabalho e nas novas necessidades dos espaços urbanos. Foi citada a existência de um estoque considerável de escritórios no centro que, com a evolução dos padrões de trabalho e o crescimento de modelos mais flexíveis, estão passando por uma mudança de uso e podem ser adaptados para moradia ou para atrair novas empresas.
"Temos um andar corporativo no centro, no primeiro andar do Copan, uma laje de 5 mil m². Podemos avançar em requalificar para atrair novas empresas à região. O mais conveniente é converter, mas acho que temos que atrair negócios.", finaliza um líder.