
Expansão de data centers no Brasil exige avanços em linhas de financiamento
Legislação também precisa evoluir, apontam executivos reunidos pelo GRI Club
9 de maio de 2025Mercado Imobiliário
Por Henrique Cisman
O mercado de data centers no Brasil cresce em ritmo acelerado, impulsionado pela demanda por serviços de cloud computing, AI e soluções digitais, mas enfrenta desafios significativos, especialmente em relação ao financiamento dos projetos.
Este foi o tema central de um club meeting realizado no dia 29 de abril, em São Paulo, no escritório Machado Meyer, com as presenças especiais de Carlos Eduardo Azen, chefe do Departamento das Indústrias de TI, Telecom e Economia Criativa do BNDES, e Luciano Fialho, vice-presidente da Scala Data Centers, um dos principais operadores do país. A moderação foi realizada pela sócia do Machado Meyer, Maria Flávia Seabra.

Em sua fala, Azen destacou a importância das linhas de crédito oferecidas pelo BNDES para o setor. Recentemente, o banco aprovou uma linha de crédito de R$ 180 milhões para a Scala Data Centers, uma das maiores iniciativas até o momento, refletindo o apoio da instituição à expansão da infraestrutura digital no Brasil.
Executivos presentes mencionaram a necessidade de ajustar as garantias de crédito, as quais enfrentam dificuldades devido à natureza altamente alavancada dos projetos de data centers. "São projetos que exigem um financiamento robusto e a estrutura de garantias precisa ser revista para lidar com os altos riscos envolvidos", afirmou um player presente.
O responsável pela área de Project Finance de um grande banco compartilhou a experiência adquirida em operações de crédito para grandes players do setor de data centers. Segundo o executivo, devido à alavancagem financeira significativa e aos altos custos de construção, os projetos exigem uma abordagem mista de corporate finance e project finance. "O mercado financeiro está aprendendo a lidar com as nuances do setor, portanto, ainda há um caminho a percorrer para oferecer soluções de financiamento mais eficientes".
Ele também destaca a tentativa de aproximar os investidores dos operadores do setor para criar estruturas de financiamento personalizadas. "Estamos trabalhando para encontrar formas de garantir que o financiamento aos data centers seja competitivo, especialmente em um mercado com taxas de juros elevadas".
No lado dos operadores, apesar do crescimento acelerado - acima das metas de expansão previstas, em alguns casos -, o financiamento dos projetos segue como desafio central: "É um problema crítico, pois não existe equity suficiente para cobrir o crescimento exponencial do setor", diz um player. As bases dessa demanda foram os serviços em nuvem, especialmente a partir da pandemia, e mais recentemente a ascenção das soluções de inteligência artificial.
A Scala Data Centers, por exemplo, optou por uma série de emissões de debêntures verdes para captar recursos, somando mais de R$ 2 bilhões. A empresa também tem estudado operações típicas do mercado imobiliário - como sale & leaseback e built to suit (BTS) - e, mais recentemente, do mercado de energia, como o BOT (Build, Operate, Transfer). Neste sentido, Fialho ressalta a flexibilidade necessária para garantir o crescimento contínuo da infraestrutura digital.
A geração de energia renovável é uma vantagem competitiva do Brasil, com destaque para as oportunidades no Nordeste, especialmente em geração eólica. A participação do governo federal - por meio do Ministério de Minas e Energia - e de entidades reguladoras, como a ANEEL, é essencial para garantir a competitividade do Brasil como hub de processamento de dados.
Em linhas gerais, as perspectivas para os data centers no Brasil são promissoras, mas ainda dependem de avanços em várias frentes, especialmente financiamento e segurança jurídica. A legislação sobre inteligência artificial e a regulamentação de dados têm um papel crucial na atração de investimentos estrangeiros.
No campo das vantagens competitivas, dada sua matriz energética renovável e um mercado em expansão, o Brasil possui todas as condições para se tornar um líder global no segmento.
"Estamos em um momento decisivo para o setor, e a legislação precisa evoluir para permitir um ambiente de negócios mais favorável e seguro. O Brasil tem a oportunidade de se tornar um hub mundial de processamento de dados, mas, para isso, todos os stakeholders precisam trabalhar juntos", encerra um executivo.
O mercado de data centers no Brasil cresce em ritmo acelerado, impulsionado pela demanda por serviços de cloud computing, AI e soluções digitais, mas enfrenta desafios significativos, especialmente em relação ao financiamento dos projetos.
Este foi o tema central de um club meeting realizado no dia 29 de abril, em São Paulo, no escritório Machado Meyer, com as presenças especiais de Carlos Eduardo Azen, chefe do Departamento das Indústrias de TI, Telecom e Economia Criativa do BNDES, e Luciano Fialho, vice-presidente da Scala Data Centers, um dos principais operadores do país. A moderação foi realizada pela sócia do Machado Meyer, Maria Flávia Seabra.

Em sua fala, Azen destacou a importância das linhas de crédito oferecidas pelo BNDES para o setor. Recentemente, o banco aprovou uma linha de crédito de R$ 180 milhões para a Scala Data Centers, uma das maiores iniciativas até o momento, refletindo o apoio da instituição à expansão da infraestrutura digital no Brasil.
Executivos presentes mencionaram a necessidade de ajustar as garantias de crédito, as quais enfrentam dificuldades devido à natureza altamente alavancada dos projetos de data centers. "São projetos que exigem um financiamento robusto e a estrutura de garantias precisa ser revista para lidar com os altos riscos envolvidos", afirmou um player presente.
O responsável pela área de Project Finance de um grande banco compartilhou a experiência adquirida em operações de crédito para grandes players do setor de data centers. Segundo o executivo, devido à alavancagem financeira significativa e aos altos custos de construção, os projetos exigem uma abordagem mista de corporate finance e project finance. "O mercado financeiro está aprendendo a lidar com as nuances do setor, portanto, ainda há um caminho a percorrer para oferecer soluções de financiamento mais eficientes".
Ele também destaca a tentativa de aproximar os investidores dos operadores do setor para criar estruturas de financiamento personalizadas. "Estamos trabalhando para encontrar formas de garantir que o financiamento aos data centers seja competitivo, especialmente em um mercado com taxas de juros elevadas".
No lado dos operadores, apesar do crescimento acelerado - acima das metas de expansão previstas, em alguns casos -, o financiamento dos projetos segue como desafio central: "É um problema crítico, pois não existe equity suficiente para cobrir o crescimento exponencial do setor", diz um player. As bases dessa demanda foram os serviços em nuvem, especialmente a partir da pandemia, e mais recentemente a ascenção das soluções de inteligência artificial.
A Scala Data Centers, por exemplo, optou por uma série de emissões de debêntures verdes para captar recursos, somando mais de R$ 2 bilhões. A empresa também tem estudado operações típicas do mercado imobiliário - como sale & leaseback e built to suit (BTS) - e, mais recentemente, do mercado de energia, como o BOT (Build, Operate, Transfer). Neste sentido, Fialho ressalta a flexibilidade necessária para garantir o crescimento contínuo da infraestrutura digital.

O papel da infraestrutura e energia
Um ponto crucial destacado na reunião é a necessidade de uma infraestrutura energética robusta, uma vez que os data centers consomem muita energia e, como consequência, demandam grandes investimentos na área. A título de ilustração, para construir um data center de 20 MW de capacidade, o custo pode alcançar US$ 200 milhões, sem contar o investimento adicional em equipamentos.A geração de energia renovável é uma vantagem competitiva do Brasil, com destaque para as oportunidades no Nordeste, especialmente em geração eólica. A participação do governo federal - por meio do Ministério de Minas e Energia - e de entidades reguladoras, como a ANEEL, é essencial para garantir a competitividade do Brasil como hub de processamento de dados.
Em linhas gerais, as perspectivas para os data centers no Brasil são promissoras, mas ainda dependem de avanços em várias frentes, especialmente financiamento e segurança jurídica. A legislação sobre inteligência artificial e a regulamentação de dados têm um papel crucial na atração de investimentos estrangeiros.
No campo das vantagens competitivas, dada sua matriz energética renovável e um mercado em expansão, o Brasil possui todas as condições para se tornar um líder global no segmento.
"Estamos em um momento decisivo para o setor, e a legislação precisa evoluir para permitir um ambiente de negócios mais favorável e seguro. O Brasil tem a oportunidade de se tornar um hub mundial de processamento de dados, mas, para isso, todos os stakeholders precisam trabalhar juntos", encerra um executivo.