
Flight to price: empresas buscam opções para enfrentar alta dos aluguéis em SP
Preços de lajes corporativas em regiões nobres da capital disparam; endereços secundários e alternativos ficam mais atrativos
31 de março de 2025Mercado Imobiliário
Por Rafael Calvo
O mercado imobiliário corporativo de São Paulo está testemunhando uma tendência conhecida como "flight to price" (voo para o preço, em tradução livre). Isto é: algumas empresas estão optando por deixar regiões de alto custo de aluguel, mais nobres e disputadas, em busca de opções mais vantajosas financeiramente em outras áreas da cidade.
Este movimento é impulsionado pela necessidade de redução de custos operacionais diante de um cenário econômico de incertezas e da ampliação do trabalho presencial. Com mais pessoas frequentando os escritórios, muitas empresas precisaram ampliar suas áreas para atender às necessidades dos funcionários, de mesas de trabalho até salas de reunião. Assim, companhias de diversos setores estão reavaliando suas estratégias de ocupação de espaços corporativos, priorizando a relação custo-benefício sem abrir mão da qualidade dos imóveis.
Regiões como Nova Faria Lima e JK, conhecidas por possuírem edifícios de alto padrão e sedes de grandes corporações, têm experimentado uma pressão crescente nos valores de aluguel nos últimos anos. Com o metro quadrado chegando a patamares recordes - em alguns edifícios acima de R$ 300/m² -, muitas empresas têm encontrado dificuldades para justificar esses custos, especialmente quando os contratos entram na fase “revisional”.
Em contrapartida, outras regiões de São Paulo que oferecem escritórios de alto padrão com valores mais acessíveis estão se beneficiando dessa movimentação. Áreas como Chucri Zaidan e Berrini, e até mesmo regiões mais afastadas do centro financeiro tradicional, como Chácara Santo Antônio, Barra Funda, Marginal e Pinheiros/Vila Madalena - consideradas pela área de Pesquisa e Estratégia JLL como regiões secundárias e alternativas - estão se tornando destinos atrativos para empresas em busca de economia.
Só em 2024 tivemos as seguintes movimentações:

A maioria das empresas que já se realocaram para regiões com valores de aluguel mais atrativos são de setores com margens menores, como indústria, logística, publicidade e energia. Nessa movimentação, a maioria (sete de um total de 13) aumentou a área ocupada, devido ao aumento da frequência do escritório, crescimento orgânico ou ambos. As que reduziram ainda mantinham espaços alugados no período pré-pandemia e estavam com áreas ociosas.
Um ponto importante dessa análise é a redução efetiva dos custos com aluguel. Na média, as companhias economizaram 63% a partir da relocalização de seus espaços corporativos.
De acordo com dados da pesquisa de mercado do quarto trimestre de 2024 da JLL, as absorções nas regiões de São Paulo revelam uma tendência crescente nas áreas secundárias e alternativas, que chegaram a ultrapassar as regiões primárias - estas mostram uma absorção historicamente alta, porém volátil, com picos seguidos de quedas acentuadas.

Em contraste, as regiões secundárias e alternativas demonstram maior resiliência, inclusive durante o período da pandemia. Essa tendência indica um possível crescimento contínuo nas regiões secundárias e alternativas, sugerindo uma redistribuição mais equilibrada dos polos corporativos na cidade, potencialmente aliviando a pressão sobre infraestrutura e transporte nas áreas atualmente mais congestionadas.
Além da economia direta com aluguéis, as empresas também consideram outros fatores ao fazer essa mudança de endereço, como melhor mobilidade para os funcionários, menor congestionamento e, em alguns casos, até incentivos fiscais oferecidos por municípios.
No entanto, é importante ressaltar que regiões como Nova Faria Lima e JK ainda mantêm seu prestígio e continuam atraindo empresas que valorizam a localização estratégica e o status associado a esses endereços. O que se observa é uma diversificação das opções, com empresas agora mais dispostas a considerar endereços secundários e alternativos que ofereçam melhor equilíbrio entre custo e benefícios.
À medida que esse movimento "flight to price" ganha força, espera-se que o mercado imobiliário corporativo de São Paulo passe por ajustes, com possível estabilização dos preços nas áreas mais caras e valorização de regiões alternativas. Essa dinâmica promete remodelar o panorama dos escritórios de alto padrão na maior metrópole do Brasil, trazendo novas oportunidades tanto para locatários quanto para investidores do setor imobiliário.
Rafael Calvo é diretor de Locações da JLL
O mercado imobiliário corporativo de São Paulo está testemunhando uma tendência conhecida como "flight to price" (voo para o preço, em tradução livre). Isto é: algumas empresas estão optando por deixar regiões de alto custo de aluguel, mais nobres e disputadas, em busca de opções mais vantajosas financeiramente em outras áreas da cidade.
Este movimento é impulsionado pela necessidade de redução de custos operacionais diante de um cenário econômico de incertezas e da ampliação do trabalho presencial. Com mais pessoas frequentando os escritórios, muitas empresas precisaram ampliar suas áreas para atender às necessidades dos funcionários, de mesas de trabalho até salas de reunião. Assim, companhias de diversos setores estão reavaliando suas estratégias de ocupação de espaços corporativos, priorizando a relação custo-benefício sem abrir mão da qualidade dos imóveis.
Regiões como Nova Faria Lima e JK, conhecidas por possuírem edifícios de alto padrão e sedes de grandes corporações, têm experimentado uma pressão crescente nos valores de aluguel nos últimos anos. Com o metro quadrado chegando a patamares recordes - em alguns edifícios acima de R$ 300/m² -, muitas empresas têm encontrado dificuldades para justificar esses custos, especialmente quando os contratos entram na fase “revisional”.
Em contrapartida, outras regiões de São Paulo que oferecem escritórios de alto padrão com valores mais acessíveis estão se beneficiando dessa movimentação. Áreas como Chucri Zaidan e Berrini, e até mesmo regiões mais afastadas do centro financeiro tradicional, como Chácara Santo Antônio, Barra Funda, Marginal e Pinheiros/Vila Madalena - consideradas pela área de Pesquisa e Estratégia JLL como regiões secundárias e alternativas - estão se tornando destinos atrativos para empresas em busca de economia.
Só em 2024 tivemos as seguintes movimentações:

A maioria das empresas que já se realocaram para regiões com valores de aluguel mais atrativos são de setores com margens menores, como indústria, logística, publicidade e energia. Nessa movimentação, a maioria (sete de um total de 13) aumentou a área ocupada, devido ao aumento da frequência do escritório, crescimento orgânico ou ambos. As que reduziram ainda mantinham espaços alugados no período pré-pandemia e estavam com áreas ociosas.
Um ponto importante dessa análise é a redução efetiva dos custos com aluguel. Na média, as companhias economizaram 63% a partir da relocalização de seus espaços corporativos.
De acordo com dados da pesquisa de mercado do quarto trimestre de 2024 da JLL, as absorções nas regiões de São Paulo revelam uma tendência crescente nas áreas secundárias e alternativas, que chegaram a ultrapassar as regiões primárias - estas mostram uma absorção historicamente alta, porém volátil, com picos seguidos de quedas acentuadas.

Em contraste, as regiões secundárias e alternativas demonstram maior resiliência, inclusive durante o período da pandemia. Essa tendência indica um possível crescimento contínuo nas regiões secundárias e alternativas, sugerindo uma redistribuição mais equilibrada dos polos corporativos na cidade, potencialmente aliviando a pressão sobre infraestrutura e transporte nas áreas atualmente mais congestionadas.
Além da economia direta com aluguéis, as empresas também consideram outros fatores ao fazer essa mudança de endereço, como melhor mobilidade para os funcionários, menor congestionamento e, em alguns casos, até incentivos fiscais oferecidos por municípios.
No entanto, é importante ressaltar que regiões como Nova Faria Lima e JK ainda mantêm seu prestígio e continuam atraindo empresas que valorizam a localização estratégica e o status associado a esses endereços. O que se observa é uma diversificação das opções, com empresas agora mais dispostas a considerar endereços secundários e alternativos que ofereçam melhor equilíbrio entre custo e benefícios.
À medida que esse movimento "flight to price" ganha força, espera-se que o mercado imobiliário corporativo de São Paulo passe por ajustes, com possível estabilização dos preços nas áreas mais caras e valorização de regiões alternativas. Essa dinâmica promete remodelar o panorama dos escritórios de alto padrão na maior metrópole do Brasil, trazendo novas oportunidades tanto para locatários quanto para investidores do setor imobiliário.
Rafael Calvo é diretor de Locações da JLL