O buraco é mais embaixo
12 de março de 2023Mercado Imobiliário
Talvez o setor que mais vem sofrendo com o momento econômico mundial de menor liquidez no mercado seja o das startups, uma vez que, até pouco tempo, o lucro não era importante e hoje isso tornou-se fundamental.
A subida dos juros nos últimos meses mudou o comportamento de investidores, que se mostram menos dispostos a arriscar seu dinheiro em modelos de negócio que, por natureza, são de alto risco (startups). Para entender, é simples: se "fazer nada e deixar o dinheiro aplicado" tráz retorno um tanto quanto seguro por conta dos juros altos, então para que arriscar? Com menor liquidez, startups de todo mundo têm feito demissões e organizado os seus caixas para sobreviverem a esse momento.
Ocorre que, na sexta-feira (dia 10/03), o banco queridinho das startups de todo mundo quebrou. Sim, o Silicon Valley Bank (SVB) não aguentou a onda de saques e na última semana abriu o bico. O que significa isso?
Simples: lembra a fase de ouro, modinha das startups? Valuations bilionárias, unicórnios para tudo quanto era lado? Então, quando essas startups captavam grana elas precisavam guardar num banco para usar de acordo com a queima de caixa delas. Adivinha onde a imensa parte guardava a grana? No SVB.
Só para você ter ideia, estima-se que 90% das startups do Brasil que tinham investimento internacional tinham relação bancária com o SVB. Num cenário de pouca grana, se hoje os CEO´s dessas startups tentarem acessar as contas de reservas dessas empresas e elas simplesmente estiverem congeladas, o que acontece?
Caos. Falta grana até para pagar a luz e a água. Sem falar em folha de pagamento, dívidas, etc. Um caos considerável.
Na Inglaterra, no momento que escrevo este artigo, domingo (dia 12/03), o governo já discute uma linha de crédito para as startups britânicas que já disseram que, se não forem ajudadas, haverá um crash imenso no setor. São mais de 200 que declararam que perderam milhões e terão que fechar as portas imediatamente se nada for feito. Consegue dimensionar o impacto disso na economia?
Esse movimento vai reverberar no mundo todo e o setor de startups, já machucado e com tantas demissões nos últimos meses, vai passar por uma prova de fogo.
Triste, certo? Para ser sincero, se o problema fosse "só esse", ok. Mas existe uma pressão "psicológica" (fear!) de outras empresas a migrarem suas reservas de bancos americanos menores para os "bancões" e isso deve acontecer em massa essa semana. O resultado? Possíveis outras quebras em bancos regionais americanos.
Acabou aqui? Acho que não. O buraco é ainda mais embaixo, e a confusão vai (novamente) impactar o mercado imobiliário. Mas continuo no próximo texto, já que há muita coisa na mesa para ser digerida até aqui.
Te convido a me seguir no instagram onde irei publicar o link para a continuação desse artigo, falando como isso pode impactar o mercado imobiliário: @gustavofavaron
Written by Gustavo Favaron, Co- Founder e CEO da 8 Capital Group
A subida dos juros nos últimos meses mudou o comportamento de investidores, que se mostram menos dispostos a arriscar seu dinheiro em modelos de negócio que, por natureza, são de alto risco (startups). Para entender, é simples: se "fazer nada e deixar o dinheiro aplicado" tráz retorno um tanto quanto seguro por conta dos juros altos, então para que arriscar? Com menor liquidez, startups de todo mundo têm feito demissões e organizado os seus caixas para sobreviverem a esse momento.
Ocorre que, na sexta-feira (dia 10/03), o banco queridinho das startups de todo mundo quebrou. Sim, o Silicon Valley Bank (SVB) não aguentou a onda de saques e na última semana abriu o bico. O que significa isso?
Simples: lembra a fase de ouro, modinha das startups? Valuations bilionárias, unicórnios para tudo quanto era lado? Então, quando essas startups captavam grana elas precisavam guardar num banco para usar de acordo com a queima de caixa delas. Adivinha onde a imensa parte guardava a grana? No SVB.
Só para você ter ideia, estima-se que 90% das startups do Brasil que tinham investimento internacional tinham relação bancária com o SVB. Num cenário de pouca grana, se hoje os CEO´s dessas startups tentarem acessar as contas de reservas dessas empresas e elas simplesmente estiverem congeladas, o que acontece?
Caos. Falta grana até para pagar a luz e a água. Sem falar em folha de pagamento, dívidas, etc. Um caos considerável.
Na Inglaterra, no momento que escrevo este artigo, domingo (dia 12/03), o governo já discute uma linha de crédito para as startups britânicas que já disseram que, se não forem ajudadas, haverá um crash imenso no setor. São mais de 200 que declararam que perderam milhões e terão que fechar as portas imediatamente se nada for feito. Consegue dimensionar o impacto disso na economia?
Esse movimento vai reverberar no mundo todo e o setor de startups, já machucado e com tantas demissões nos últimos meses, vai passar por uma prova de fogo.
Triste, certo? Para ser sincero, se o problema fosse "só esse", ok. Mas existe uma pressão "psicológica" (fear!) de outras empresas a migrarem suas reservas de bancos americanos menores para os "bancões" e isso deve acontecer em massa essa semana. O resultado? Possíveis outras quebras em bancos regionais americanos.
Acabou aqui? Acho que não. O buraco é ainda mais embaixo, e a confusão vai (novamente) impactar o mercado imobiliário. Mas continuo no próximo texto, já que há muita coisa na mesa para ser digerida até aqui.
Te convido a me seguir no instagram onde irei publicar o link para a continuação desse artigo, falando como isso pode impactar o mercado imobiliário: @gustavofavaron
Written by Gustavo Favaron, Co- Founder e CEO da 8 Capital Group