Escritórios iniciam 2025 com sinais de recuperação

Menor vacância e novos polos impulsionam setor, enquanto mercado segue atento aos desafios e novas dinâmicas

13 de fevereiro de 2025Mercado Imobiliário
Por Júlia Ribeiro 

O segmento de escritórios e lajes corporativas inicia 2025 com sinais de recuperação e maior otimismo entre investidores e ocupantes. Dados do último trimestre de 2024 divulgados pela JLL apontam para uma redução da taxa de vacância em São Paulo para 20,9%, acompanhada de uma absorção bruta acumulada de 528 mil m² no ano - o maior volume registrado nos últimos 10 anos. 

No Rio de Janeiro, o mercado corporativo também apresentou uma melhora significativa, apesar dos desafios locais, com queda da taxa de vacância para 31% e uma absorção líquida acumulada de 88 mil m², o melhor resultado dos últimos 12 anos.

Essas perspectivas foram tratadas em encontro liderado pelo Women in Real Estate Committee do GRI Club, no escritório da JLL, localizado na capital paulista, onde líderes do mercado discutiram as principais tendências e preocupações que devem moldar os escritórios em 2025. 

“Tivemos previsões catastróficas no passado, mas o que vemos hoje é um mercado que se adaptou e voltou à normalidade. A diferença é que agora há uma maior valorização dos espaços, com layouts menos densos e mais voltados para qualidade e colaboração", afirma uma das executivas presentes.

(Créditos: Reprodução/Folha de S.Paulo)

Regiões primárias seguem aquecidas, mas secundárias ganham relevância

A recuperação mais acentuada é observada nas regiões primárias de São Paulo, como nas avenidas Brigadeiro Faria Lima, Juscelino Kubitschek e Paulista, onde a taxa de vacância caiu para patamares abaixo de dois dígitos. 

O preço pedido médio nessas áreas ultrapassa os R$295/m², consolidando-se no maior patamar da última década. "Se alguém entrega um andar hoje em São Paulo, na semana seguinte ele já está ocupado. A velocidade da absorção está muito acima do esperado", comenta outra líder do setor.

Com a saturação das áreas tradicionais, eles enxergam novos polos se consolidando, como Rebouças e Pinheiros, que apresentaram baixa vacância e preços competitivos. Além disso, a região da Av. Doutor Chucri Zaidan também se destacou na movimentação do setor no trimestre. Segundo os especialistas, a infraestrutura crescente e a busca por melhor qualidade de vida impulsionam o interesse nessas localidades.

Já no Rio de Janeiro, as maiores transações aconteceram na Orla (que engloba bairros como Botafogo e Flamengo) e no Centro, que continua concentrando quase metade dos imóveis corporativos da cidade, sendo predominantemente ocupado por empresas dos setores de petróleo, gás e instituições públicas.

Investimentos e a barreira da Selic

Apesar da melhora nos indicadores de ocupação, a atração de novos investimentos no setor ainda encontra obstáculos, segundo os players. A leitura é de que a taxa Selic elevada e a instabilidade macroeconômica continuam afastando investidores estrangeiros.

"Se tivéssemos condições macro melhores, estaríamos comprando mais ativos comerciais no Brasil. Mas hoje, para fundos internacionais como o nosso, o cenário ainda não é suficientemente atrativo", afirma uma participante.

Outro ponto de atenção é o impacto da taxação dos fundos imobiliários no âmbito da nova Reforma Tributária e a falta de incentivos para novos empreendimentos. "A alta dos juros torna difícil viabilizar novos desenvolvimentos. Hoje, grandes fundos estão mais focados em ativos isolados do que na compra de portfólios inteiros, como fazíamos antes", complementa.

Os desafios de investimentos também abrangem os retrofits. Especialistas alertam que, sem estímulos adequados, muitos ativos podem perder competitividade diante das novas ofertas de alto padrão, tornando os investimentos nessas melhorias ainda mais essenciais para atender às demandas do mercado.

"Se não houver uma estratégia para modernizar o parque imobiliário corporativo, corremos o risco de ter um passivo difícil de recuperar", contribui um executivo.

(Créditos: Divulgação/CBRE Brasil)

No Rio de Janeiro, parte do estoque disponível ainda não foi absorvida, apesar da qualidade dos empreendimentos. Entende-se que incentivos governamentais podem ser necessários para atrair mais ocupantes, que frequentemente hesitam devido à percepção de insegurança.

Diante desse cenário, uma executiva alerta para a necessidade de maior engajamento dos players do segmento na formulação de políticas públicas. "A gente está sem uma legislação para cuidar da Faria Lima a longo prazo, por exemplo. O setor residencial domina as discussões de plano diretor porque está sempre presente, enquanto os players de escritórios não estão se mobilizando como deveriam", finaliza.

Perspectivas para 2025

As estratégias essenciais para impulsionar o crescimento sustentável do setor, em meio às inovações e à transformação das dinâmicas de trabalho, estarão no centro das discussões do GRI Escritórios 2025, que acontece em 26 de fevereiro, em São Paulo. Descubra como participar aqui.

A expectativa para o ano aponta para a contínua valorização dos espaços corporativos e a diversificação das áreas mais demandadas. “É um momento estratégico para investir. Quem tem poder de compra deve aproveitar as oportunidades, pois a valorização dos espaços de alta qualidade é uma tendência irreversível”, finaliza uma executiva.